Roses - Quattuor: damnare sono vocis
Roses (@Srta_Park)
Quattuor: Damnare Sono Vocis
Quattuor: Damnare Sono Vocis
As portas foram abertas bruscamente, dando passagem para o garoto que entrou afobado em seu escritório. Namjoon veio logo atrás, assim como os dois betas e Jungkook, que sequer sabia o motivo de tanto alvoroço.
Assim que Jimin ouviu da boca de seus próprios servos o que havia acontecido ali, o olhar furioso, e ainda assim apavorado, que lançou ao Jeon gravou-se na mente do alfa de uma forma que deixou-lhe desnorteado durante alguns instantes, esquecendo por hora do estranho fato de que ele não lembrava-se de nada que havia acontecido; e quando o mesmo simplesmente encarou-lhe com repugno antes de dar as costas e passar a andar apressadamente para dentro do castelo, a única reação que teve foi de seguí-lo assim como todos os outros.
— Como isso foi acontecer? — Gritou o platinado, assustando brevemente o lúpus ao vê-lo virar-se de frente aos de patente menor com fúria nos olhos.
O garoto tinha as mãos trêmulas e pequenas gotículas formavam-se em sua pele pálida. Jeongguk sentiu seu próprio coração acelerar com uma adrenalina que nem mesmo lhe pertencia e isso era deveras assustador em sua mente ainda um tanto quanto perturbada. Tensão parecia emanar por cada centímetro daquele cômodo e todos permaneciam quietos e com olhares preocupados demais ao seu ver, e ao do Park também, que estava prestes a arrancar os cabelos de aflição.
O conselheiro foi o primeiro a reagir, dando um passo em direção ao ômega, com uma mão estendida na frente do corpo; cauteloso.
— Alteza… estás bem?
Jimin o encarou com os olhos ferozes.
— Eu pareço bem ao teu ver?
O esverdeado engoliu em seco.
— Quero dizer, não está sentindo-se tonto ou algo de porte semelhante? Talvez, um pouco… diferente? — Ergueu as sobrancelhas, diminuindo o tom da voz para demonstrar sua submissão à coroa e acalmar um pouco o estado do príncipe, que apenas fitou-lhe calado, como se raciocinasse suas palavras.
— Não. — Foi simplório e curto.
— Pela Lua, podem me explicar o que está havendo aqui? — Jeon questionou, confuso. Toda a atenção dirigiu-se a si, menos a que queria, pois este recusava-se a encará-lo.
— Gostaria de fazer a mesma pergunta. — Taehyung murmurou, amargurado e odiando sentir-se excluído do assunto.
— Nada. — Jimin respondeu, interrompendo o que quer que fossem exclamar ao camponês, antes de endurecer seu olhar ao seu conselheiro, cheio de significados. — Não está acontecendo nada aqui.
E todos aquietaram-se, abaixando suas cabeças, tendo ciência de que aquilo não fora somente uma mentira, mas sim uma ordem. Porém, o mais novo dali encarou a todos com uma feição incrédula; sabia que tinha algo acontecendo, sabia que esse algo não era somente a cena que houve a minutos atrás, dessa qual sabia o que significava, embora achasse alguns detalhes muito incomuns nela, havia mais alguma coisa ali e tinha a sensação de que isso lhe envolvia.
— Taehyung, tire-o daqui. — Ordenou, dando as costas e apoiando as mãos na mesa amadeirada.
— Porquê sempre me deixa insciente de tudo, Jimin? — Perguntou, em um tom magoado. Park apertou os olhos, sem estar em um bom momento para lidar com um dos surtos do beta. — Porque sempre sou eu o que não sabe de nada e o que é deixado de fora?
— Agora, Taehyung! — Gritou.
E, engolindo mais uma vez o pranto, o rapaz calou-se. Pondo as mãos firmes na frente do corpo e curvando-se ao máximo em direção ao outro, que internamente incomodou-se com a formalidade que o Kim geralmente nunca tinha para consigo.
— Como desejar, alteza.
E então, agarrou sem delicadeza o braço do lúpus, que encarou suplicante ao ômega, pedindo mudamente que o mesmo voltasse atrás com sua ordem e o explicasse o que estava havendo, no entanto, até o momento em que atravessou a saída e os portões fecharam-se atrás de si, ele sequer virou-se para fitar seus olhos.
Somente voltou a si quando, já do lado de fora, se braço foi jogado de qualquer jeito e o cavalheiro de companhia do príncipe simplesmente deu-lhe as costas e passou a caminhar em uma direção qualquer. Olhou uma última vez para as portas robustas e bem trancafiadas, notou dois betas enormes parados e armados em frente delas. Suspirou, sabendo que não seria agora que teria as respostas para os seus questionamentos, e voltou sua vista para o caminho cujo qual o loiro percorreu segundos atrás, indo por ali também.
Não precisou andar por muito tempo, logo chegou a escada e notou o local vazio. No entanto, se não fosse por sua audição apurada, jamais teria notado os leves fungados vindos dele. Devagar, desceu os degraus restantes, se abaixando até encontrar a silhueta encolhida embaixo deles, com as pernas flexionadas e os braços ao redor de seus próprios joelhos; a cabeça enterrada neles.
— Está tudo bem? — Questionou, em tom baixo, como se temesse assustá-lo. Mas ele apenas encolheu-se mais, parando de fungar.
— Vá embora.
Ao contrário do que pedira, Jeon suspirou, esfregou os lábios um no outro e coçou a nuca, sem muito saber o que fazer. Não costuma ter de lidar com outros, já que vivia sozinho com seu pai e não tinha muito contato com as pessoas do vilarejo, então, ter em mente o que fazer para ajudar aquele garoto que conhecia a menos de um dia e sequer sabia algo sobre, passou a ser uma questão tremendamente difícil para seu pobre cérebro resolver.
Ainda assim, jamais daria as costas e deixaria-o ali sozinho quando estava na cara que, apesar daquilo que saía pelos seus lábios finos, era o que menos desejava no momento. Por fim, apenas adentrou naquele espaço, não tão pequeno para um ser, mas que se tornou minúsculo para dois, e sentou-se ao lado dele.
— Ah, as servas daqui devem ser muito competentes; até embaixo da escada é limpo e lívido como água. — Pontuou, fingindo distração. O Kim mais jovem que ergueu a cabeça e fungou uma última vez antes de lançar um olhar triste e indagativo.
— Lembro claramente de ter dito-lhe para ir embora. Que ainda fazes aqui? — Apesar das palavras rudes, ele parecia tão indefeso quanto um cachorrinho atropelado. Jungkook virou o rosto para si, com uma feição falsamente confusa.
— Achei que tivesse permissão para estar em qualquer dependência do castelo, com algumas excessões das quais “embaixo da escada” não está incluído. — Comentou, recebendo um bufar por parte do loiro, que revirou os olhos com um pequeno sorriso e se pôs a olhar para frente; onde não havia nada, enfatizo.
Um breve silêncio se fez no recinto, sendo quebrado pelo mesmo que o criou.
— Sempre é assim. — Afirmou, suspirando enquanto fazia desenhos imaginários no chão polido. O alfa o encarou de canto, esperando-o prosseguir; o que não tardou a acontecer. — Eles sempre me excluem dos assuntos, como se eu fosse uma criancinha indefesa que não podesse saber quando algo está errado.
— Porque?
— Suponho que acreditem que eu não seja forte o suficiente para suportar o que quer que esteja havendo. — o camponês franziu o cenho.
— Existe um motivo para acharem isso? — Sabia que podia estar sendo invasivo, mas sempre foi um garoto curioso e aquilo estava incitando tal sentimento.
O outro riu soprado, amargurado.
— Min Yoongi.
Foi tudo o que disse, antes de lançar-lhe um sorriso sem dentes, levantar-se e sair daquele espaço apertado. Ainda mais confuso que antes, o moreno limitou-se a permanecer ali; os olhos fixos em um ponto sem importância e o pensamento longe. Indo desde os acontecimentos anteriores até aquele nome recém dito, do qual tinha certeza de já ter ouvido antes.
• • •
No andar de cima, Park ainda estava eufórico, andando de um lado para o outro no meio de um monte de livros empoeirados, com os dois mais velhos ao seu encalço. Devia haver alguma solução, não podia permitir que aquilo prosseguisse e estragasse sua vida; não agora que havia conseguido achar uma talisca de esperança no meio do breu de amargura.
— Alteza, por favor, acalme-se. — Seokjin pedia-lhe constantemente, preocupado com o seu amigo que, claramente, não encontrava-se em bom estado. — Vai acabar passando mal.
— Ele está certo, Jimin. — Namjoon concordou — Estás alterado em demasia, pode acabar entrando em colapso, ainda mais depois do que ocorreu. Além de que, sabes bem que bons resultados nunca vem sob esse estado.
O garoto que revirava mais uma das milhares prateleiras, virou-se furioso aos dois.
— Como esperam que eu me acalme? — Gritou, alterado. — Eu acabei de sofrer um imprinting. Com um camponês; com um dolorium, Namjoon! Sabe a guerra que isso vai causar? Sabe o que isso vai me causar?
O alfa suspirou, espalmando as mãos na face e a esfregando, nervoso. O de cabelos negros, por outro lado, juntou as duas palmas na frente da boca, arregalando os olhos com a nova informação.
— Dolorium? Aquele garoto é um dolorium? — Interrogou, exclamativo, oscilando o olhar entre seu parceiro e o ômega a sua frente. — Mas, como? Eles não haviam sido extintos? Jimin! — Exclamou, assustado. — Se sabia disso, deveria tê-lo entregado à sua majestade ou mandado-o embora!
— Agora não, Jin. — o conselheiro pediu, recebendo um assentimento do Beta ainda um tanto quanto desnorteado e surpreso. — Olhe, eu sei que a situação está difícil. Mas, dê-me ouvidos, desesperar-se somente piorará as coisas. — Suspirou, concluindo: — Se seu lobo o escolheu, algum motivo há.
— Mesmo? — Riu, sem humor. — E, mais uma vez, por conta da mera vontade desse lobo maldito, como ficará o reino e meu pai, Namjoon? Como eu fico, uh?
O dito calou-se, sem possuir respostas.
— Tem que ter um jeito de desfazer isso.
— Sabe que não há.
— Então, criaremos um! — Esbravejou, irritado, caminhando apressadamente até ao casal. — Eu estou ligado à um traidor da Coroa, Namjoon. Um traidor! — Rosnou, diminuindo o tom em seguida — E não posso permanecer assim.
Ele deu as costas, caminhando de volta até a mesa. Sentou-se na poltrona confortável e fechou os olhos, massageando suas pálpebras com os dedos indicador e polegar. O esverdeado e o moreno se entreolharam, com esse primeiro suspirando e seguindo o mesmo caminho que o o mais novo, parando ao seu lado e espalmando sua mão no ombro coberto do garoto, como uma forma de tranquilizá-lo.
— Você precisa contar a ele, Jimin. Tudo.
O garoto respirou fundo e abriu os olhos.
— Eu sei.
• • •
— Temos uma ordem do príncipe. — Uma voz feminina balbuciou do lado de fora, chamando a atenção do lupus que, dentro do quarto, estava encostado à janela, olhando a noite sem estrelas do lado de fora.
Desviou sua atenção quando as portas foram abertas, dando passagem a duas criadas betas que adentraram o recinto, parando no meio dele para fitar-lhe e dizer-lhe a quê veio.
— Irás ceiar junto à sua Alteza esta noite. — Uma delas informou, deixando o alfa surpreso. — Vinhemo-nos ajudar-lhe com os preparativos.
E antes que pudesse proferir sequer uma prosopopéia, teve os braços agarrados pelas duas servas, que, ignorando todas as suas perguntas e protestos, guiaram-lhe até a casa de banho, prontificando-se em pôr as mãos em suas vestes, visando retirá-las.
— O que estão fazendo? — Questionou, assustado. No entanto, não houveram respostas; até porque, elas apenas estavam ali para cumprir ordens e não sanar sua curiosidade, embora o tratamento fosse deveras invasivo para com a sua pessoa.
Não pode impedir quando a camisa branca muito bem alinhada fora arrancada de seu corpo, revelando os músculos salientes e tampouco pode evitar ter suas calças retiradas pelas mãos femininas, deixando-lhe completamente nu e envergonhado.
Definitivamente, estava fugindo completamente do padrão Alfa naquele instante, pois sabia que as maçãs de seu rosto deviam estar mais rubras que um tomate maduro recém colhido. Era deveras intimidante ter olhos desconhecidos sobre toda a sua estrutura, mesmo que as criadas sequer estivessem olhando realmente para si; apenas estavam cumprindo seu dever.
Foi novamente arrastado, dessa vez até adentrar um grande ofurô, já preparado com água — extremamente fria, assim como todo o resto naquele maldito castelo — sais perfumados e um tônico que o Jeon não pode identificar. Mesmo envergonhado, calou-se e deixou que fizessem seu trabalho — que, pelo que percebeu, tratava-se de banhar-lhe — pois sabia que nada elas diriam e também já podia fazer ciência do motivo; não é como se fosse um tolo e não soubesse as cordialidades da realeza. É óbvio que elas estavam lavando-lhe devidamente por conta do fato de que compartilharia uma refeição com o príncipe.
Quando terminaram o banho, trouxeram-lhe as vestimentas; uma calça preta justa, uma camisa de tecido fino, manga longa com babados nas pontas, e gola baixa, preta e um enorme sobretudo vermelho-escuro. Vestiram-lhe botas de couro autêntico preto, pentearam-lhe os cabelos de uma forma incômoda e extremamente alinhada, partindo-lhe de uma forma que deixou-lhe parte da testa a mostra e mais mechas castanhas no lado direito, que do esquerdo e por fim, estenderam-lhe uma bandeja com uma taça; nela continha um líquido de coloração azulada e cheiro sutil.
— O que é isto? — Perguntou, desconfiado.
— Vossa alteza não deseja ter contratempos.
E com tal resposta vaga, teve de ingerir o conteúdo, sendo guiado em direção à saída dos aposentos, logo encontrando Taehyung parado do lado de fora, este que lançou-lhe um sorriso travesso ao fitar-lhe de cima a baixo.
— Fizeram um ótimo trabalho, uh? — Comentou risonho, não parecendo ser aquele mesmo garoto cabisbaixo de mais cedo. — Estão dispensadas! Eu irei levá-lo.
— Sim, senhor. — Ambas abaixaram as cabeças e se retiraram.
O Kim voltou a dirigir-se ao alfa.
— Siga-me.
Sem contestar, apenas se pôs a andar atrás do aloirado, que cantalorava alguma canção se sequer partir os lábios enquanto guiava-lhe naqueles corredores que nunca pareciam ter fim. Apressou-se um pouco até estar lado a lado com o Beta, olhando-o de lado.
— Você está bem?
— Não poderia estar melhor. — Sorriu, embora não fosse uma reação cem porcento verídica, ao ver do castanho, mas esse preferiu aquietar-se por hora. — Ei, não liga muito para a forma do Jimin agir ás vezes. — o lupus o encarou, vendo-o com um semblante calmo e sincero dessa vez. — Ele não costumava ser assim antes.
— Há quanto tempo vive aqui? — Questionou algo que gostaria de saber a algum tempo.
— Vinte anos.
E a conversa teve de ser findada, pois logo pararam em fronte às grandes portas do salão de jantar, que estava sendo guardada por dois caras enormes. Jungkook nunca entenderia o porquê daqueles guarda-costas estarem ali sendo que era um castelo isolado onde ninguém indevido entraria — com a sua excessão, claro.
— Está entregue.
Virou o rosto para o lado e encontrou o sorriso retangular do loiro, retribuindo-o com outro um pouco menor; assentiu e voltou a olhar para a frente, recebendo a passagem por entre os betas treinados. Ao atravessar as portas, deixou sua vista decair por cada detalhe daquele cômodo pouco iluminado, ato que somente era feito através das duas enormes janelas de vidro que cobriam toda uma parede, refletindo os raios da lua. Não havia nada de peculiar ali; algumas estantes de livros, alguns adornos de prata pura, uma enorme mesa no centro e claro, o príncipe Park Jimin acomodado em uma das estremidades desta, com um belo cálice de prata em mãos, degustando calmamente de algo que o olfato apurado do lupus identificou como vinho tinto.
Seus olhos se encontraram e imediatamente o ar ali pareceu tornar-se escasso em meio a bolha de tensão que formou-se entre ambos.
— Sente-se. — Foi o seu cumprimento.
— Porque chamou-me aqui? — Foi direto em sua curiosidade, recebendo um olhar impaciente do mais velho.
— Sente-se, Jungkook.
E sem mais querer contestar, apenas o fez; Deu alguns passos e sentou-se na cadeira da ponta oposta ao Park, ficando a sua frente.
— Irá dizer-me agora?
Ele lhe encarou, inspirou e expirou devagar.
— Irei.
— Ótimo! — Exclamou, entrelaçando suas mãos e pondo-as sobre a mesa, não mais se importando com a hierarquia. Já estava tudo muito irritante e precisava de, no mínimo, respostas. — Pode começar explicando o que era aquilo que me forçou a beber.
— Apenas algo para camuflar seu cheiro durante algumas horas, nada de importância. — Foi simplório, deixando-o confuso.
— Porquê?
Ele suspirou, emprensando um lábio no outro, antes de sorrir sem mostrar os dentes.
— Digamos que o seu cheiro desperta coisas muito estranhas em mim e não queremos um problema ainda maior do que o que já temos. — Concluiu.
Devido as suas palavras, inconsientemente, Jungkook respirou fundo, o que, de longe foi uma péssima idéia. Seus olhos fecharam-se ao inebriar-se com aquela fragrância peculiar e ao entreabrí-los, possuíam um brilho e tonalidade diferente.
— Deveria ter tomado um também.
Jimin devolveu-lhe o olhar, tornando-o ainda mais intenso durante alguns instantes. A frase, junto com aquele sorriso beirando a indecência, soou-lhe tão malditamente audaciosa que causou-lhe uma quentura incoveniente.
— Não diga-me o que devo fazer. — Rosnou sutilmente, endurecendo a feição. No entanto, tal ato fez o mais novo alterar-se também.
— Não rosne para mim. — Ameaçou, erguendo-se da cadeira, causando um estalo alto ao espalmar as mãos sobre a mesa; os olhos cintilando em um negro avermelhado.
Jimin repetiu o ato, encarando-o desafiante.
— Eu sou a sua Alteza!
— E eu sou o seu Alfa!
O choque daquelas palavras fez com que o corpo do menor estremecesse. Ele arregalou as orbes, seus batimentos e respiração aceleraram, os cabelos passando a se tornar cinza e adornar algumas mechas em tom azulado; sua pele tão branca quanto a de um morto, e ainda assim, tentadoramente bela. Seus olhos se tornaram tão azuis que, por um instante, pareceram que iriam cegá-lo. Ele caiu, debruçando-se sobre a mesa e arranhando as unhas na madeira polida, grunhindo dolorido.
Jeongguk assustou-se com o ato, voltando a si no instante seguinte. Estatalado no lugar, sentiu seu coração bombear com tanta força que parecia estar ao lado do seu ouvido; o príncipe parou de se contorcer, permanecendo ainda na mesma posição, ainda com a respiração descompassada.
— Alteza, está tudo bem? — Nada.
O castanho deu um passo à frente, notando o cheiro do garoto ficar insuportavelmente mais alucinante a cada segundo.
— Alteza? — Ele sequer se moveu.
Assim que estava próximo o suficiente para ouvir os movimentos de sua caixa torácica, estendeu o braço, levando-o lentamente em direção ao Park, que agora soltava alguns sons tão baixinhos quanto o vento movendo as folhas ao lado de fora.
— Jimin?
Mas antes que pudesse tocá-lo, uma risada soprada foi captada pelos seus ouvidos.
— Sim, Jeongguk-ah. — Ele ergueu a cabeça lentamente, virando-se para si em seguida. — Você é o meu alfa.
O mais novo prendeu a respiração sem perceber, ele tinha um olhar tão… animalesco.
— Então, haja como tal.
E antes que pudesse raciocinar ou reagir, a gola de seu sobretudo foi agarrada e no instante seguinte os lábios alheios estavam colados aos seus; famintos.
Maldito timbre de alfa e a provação que ele lhe faz passar!
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