Roses - Quinque: Damnare Regina
Roses (@Srta_Park)
Quinque: Damnare Regina
— Sim, Jeongguk-ah. — Ele ergueu a cabeça lentamente, virando-se para si em seguida. — Você é o meu alfa.
O mais novo prendeu a respiração sem perceber; ele tinha um olha tão… animalesco.
— Então, haja como tal.
E antes que pudesse raciocinar ou reagir, a gola de seu sobretudo foi agarrada e no instante seguinte os lábios alheios estavam colados aos seus; famintos.
Quinque: damnare regina
Jeongguk estava paralisado, tinha os braços tesos e erguidos ao lado do corpo e não conseguia mover um músculo sequer. Toda a sua estrutura parecia confusa e tentava entender o que realmente estava acontecendo porque não podia ser real; entretanto, para contrariar todos os seus pensamentos, a boca carnuda e fria em contraste perfeito com a sua febril provava totalmente o contrário; ele estava lhe beijando e droga, de longe era a melhor sensação que já havia experimentado na vida. Resistí-la seria de extrema dificuldade para seu lobo que já uivava internamente pelo contato desejado.
Ainda assim, tinha de o fazer.
Suas mãos, ainda não muito bem situadas, se ergueram e pousaram debilmente nos ombros cobertos do garoto no intuito de afastá-lo como podia, porém, tal ato pareceu deixá-lo ainda mais fervoroso, a julgar pela forma com a qual moveu-se afoitamente e colou-se ao seu corpo. Ele tinha os olhos muito bem fechados, enquanto os seus permaneciam perfeitamente abertos, ainda que nublados devido as sensações e confusões de sua mente.
Sentiu vontade de espancar a si mesmo quando sentiu-se temblar entre a razão e o desejo de corresponder à aquele contato intenso que lhe estava sendo proporcionado; o cheiro dele estava terrivelmente mais apetitoso é isso somente colaborava para inebriar seus sentidos, já meio débeis a medida que seus olhos oscilavam brevemente entre os tons de castanho escuro e o vermelho característico.
— Não… — tentou relutar contra si mesmo.
Ele riu baixo contra seus lábios e o impulsionou até que seu corpo virasse e estivesse contra a mesa bem posta, fazendo com que alguns utensílios e mantimentos fossem ao chão quando ele emprensou-lhe ali usando a si próprio; cercando-lhe como uma besta feroz. E, nossa, como estava difícil resistir a querer ser capturado. A boca gordinha o devorava com fome, e sem pensar muito, moveu a sua levemente, o que foi o suficiente para o garoto rosnar baixinho e mordiscar-lhe o inferior, enfiando a língua em sua cavidade e buscando pela sua.
Para um ômega lupus, o baixinho tinha atitude em demasia e isto soava tentadoramente excitante nos sentidos nublados do alfa. Quase não tinha mais forças para relutar e já correspondia o beijo, mesmo que um pouco desajeitadamente devido a sua falta de experiência e, ainda que pouca, relutância. Não podia fazer aquilo, não podia, merda!
Mas estava tão bom…
— A-Alteza! — Murmurou, entre os segundos de fôlego que ele lhe dava antes de tomar-lhe novamente, com um fogo ainda maior. — Jimin…
— Venha. — Ordenou, em tom sussurrado.
Os beijos desceram, fazendo caminho pelo pescoço amostra e deixando-lhe arrepiado pelo rastro molhado que por ali ficava. Estremeceu, cerrando as pálpebras e revirando-as enquanto seus dígitos se fechavam contra as bordas da mesa até que os nós se tornassem brancos pela força usada. O ômega continuava a incitá-lo com seu cheiro, carícias e suas palavras sussurradas.
— Venha, Jungkook.
— Não… — Nem mais conseguia por força em sua voz, que saia tão baixa quanto a sua sanidade atual; por um fio a se romper.
E então, as mãos de dedos frios se seguiram até às suas semelhantes, tomando-as e guiando-as lentamente. Jeon abriu seus olhos dilatados, bem a tempo de fitar as orbes a sua frente abrirem-se e reluzirem em um brilho azul incandescente; belamente seduzente. E, ao mesmo tempo em que fizera seus dígitos pousarem nas suas nádegas, sussurrou: — Venha, meu alfa.
Foi quase que imediato, quando todo o seu corpo se contorceu; seus olhos assumindo a cor verdadeira, suas garras e presas aparecendo, ao mesmo tempo em que um rosnar autoritário escapava alto pela sua garganta. A vista nublou-se e tudo o que viera a seguir foi as suas mãos firmes encherem-se daquela carne farta e as impulsionarem-se para cima, chocando os quadris ao mesmo tempo em que invertia as posições e jogava-o sentado em cima do móvel amadeirado, causando um barulho ensurdecedor quando as muitas pratas e porcelanas foram ao chão.
Em um instante, seus lábios tomaram os do menor em uma aflição febril; o cheiro forte de canela e cravo espalhou-se pelo cômodo, misturando-se e fundindo-se com o adocicado e floral das rosas vermelhas. Os lobos uivavam, transmitindo toda a sua euforia através das ações quentes proveniente daqueles dois corpos. Sua lingua, dessa vez, assumiu o controle; esfregando-se sobre a alheia e massageando o céu da boca do ômega, cujo qual devolvia na mesma intensidade.
Os quadris se chocavam cada vez que o menor impulsionava-se a frente, e em uma dessas vezes, foi empurrado a deitar-se sobre o vidro por um alfa irritadiço. O vislumbre de um sorriso insano nasceu no rosto pálido do platinado, pouco antes de um gemido arrastado e entregue soar como a melhor das melodias para o lupus, quando este passou a esfregar as ereções latentes e cobertas, como se fosse um cão no cio; seu corpo exalando o líbido no qual suportou durante anos da sua vida.
Park, por outro lado, não estava diferente; o cheiro forte do moreno — já não mais controlado pela flor do chá tomado anteriormente — lhe deixava desnorteado e desesperado por mais; por muito mais. Não pensava corentemente, e tampouco o enquanto suas pernas abriam-se instintivamente, ainda que por sobre as roupas, a necessidade era clara. As mãos másculas entrelaçaram-se às suas, deixando-as ao lado de sua cabeça, ao mesmo tempo que a dele infiltrava-se em seu pescoço, que já movia-se ao lado; exposto, embora ainda coberto pela gola alta de suas vestes escuras.
Jungkook sentiu sua gengiva coçar, os olhos brilhando com a possibilidade que atravessou-lhe imediatamente a mente.
— Eu te quero ter… ômega.
Jimin ofegou, fechando os olhos.
— Eu quero pertencer-te, alfa.
E então, no exato momento em que selariam definitivamente o acordo lupino, a porta foi aberta em um estrondo. O lupus ergueu a vista e, um segundo após perceber o médico real empunhando um belo arco com flecha, o castanho sentiu algo acertar-lhe o peito, lhe fazendo recuar alguns passos por reflexo, saindo de cima do platinado que, ainda febril, ergueu-se rapidamente, tentando avançar sobre o alfa novamente. Entretanto, teve seu objetivo bloqueado quando braços seguraram-lhe assim como fizeram com o homem a sua frente que, em instantes, parou de rosnar e reagir, desmaiando.
— Soltem-me!
Gritou, no entanto, ao invés de sua ordem sendo acatada, o que aconteceu foi uma sensação ruim e uma dorzinha aguda na região cervical, assim como um líquido quente sendo injetado diretamente em sua medula, queimando-lhe por dentro até que não possuísse mais forças para relutar e então, perdeu a consciência, com o braço ainda estendido em direção ao seu prometido eterno.
• • •
Jimin acordou sentindo uma tremenda dor de cabeça, mal conseguindo abrir os olhos devido ao fato. Seu corpo parecia entorpecido e sua nuca latejava, não de uma forma gritante, mas algo como uma irritação chata. Grunhiu, ao tentar levantar-se, sem conseguir obter sucesso já que um par de mãos grandes impediram-lhe e o fizeram deitar novamente.
— Ora, alteza, não mova-se! Se já havia despertado, devia ter comunicado-me de tal. Não sabe o quanto preocupei-me por ti. — reconheceu a voz de seu médico.
Piscou os olhos diversas vezes, sentindo como se finas agulhinhas estivesse enfiadas em suas orbes, impedindo-o de enxergar corretamente e causando aqueles pequenos pontinhos coloridos que inundavam a imagem projetada pelo seu cérebro através dos globos oculares.
— Onde estou? — Questionou, a voz rouca e baixa devido ao tempo de descanso incômodo e leve enfermidade.
— Em teus aposentos. — Informou. — Quando te tornaste inconsciente, pedi ao Nam que o trouxesse para cá enquanto tratava de ir até a enfermaria para buscar os equipamentos necessários e tratar-lhe devidamente.
Park assentiu, ainda um tanto quanto tonto.
— O que houve comigo? O último do qual me lembro é de discutir com aquele camponês insolente durante o jantar. — Seokjin suspirou, largando o pano no qual espremia com o intuito de pôr sobre a testa da realeza.
— Seu lobo assumiu o comando, Jimin. Outra vez e desta foi bem mais grave. — Estava sério, mas possuía um tom manso — Ele quase te marcou.
— O quê? — Gritou, sentando-se sobre a cama e arrependendo-se no instante seguinte, quando a dor aguda desatinou em sua cabeça, fazendo-o grunhir e segurá-la entre as mãos, enquanto ainda encarava o loiro. — Como assim?
— Isto mesmo que ouviste. Se tivéssemos chegado um segundo após, a sua pessoa estaria, que os deuses perdoem-me por minhas palavras blasfêmicas, praticamente morto neste momento. — o menor arregalou os olhos.
— Pela Lua… — Balbuciou, incrédulo. — Mas eu mandei que o medicassem! Não é possível que tenha descontrolado-me quando o cheiro dele foi completamente dissipado pelo acônito.
— Aparentemente, não é somente o odor do camponês que o consome. Além de que, quando chegamos lá, a planta já havia perdido o completo efeito. — concluiu, pondo uma expressão preocupada no rosto. — Deverás tomar mais cuidado, alteza. Isso é mais forte do que podemos imaginar, a conexão. — Suspirou, umedecendo os lábios. — Não é de meu feitio tentar mandar em tua vida, mas falo porque preocupo-me contigo; afaste-se desse alfa.
Jimin fechou os olhos, amargurado.
— Não posso, Seokjin. Não posso.
E sem mais dizer nada, foi deitado novamente, tendo o médico banhando seu corpo febril com um tecido úmido. Refletiu por uns instantes, tentando forçar a mente a recordar-se de algo, o mais mínimo que fosse; irritando-se por nada conseguir. No entanto, cerrou as pálpebras, grunhindo baixinho de dor.
— Meu corpo dói. — afirmou, cansado.
— É o seu ômega se rebelando. — explicou. O platinado o fitou confuso. — Ele provavelmente está frustrado por ter-mos o impedido de se ligar eternamente ao alfa e está descontando isso no seu corpo.
O garoto bufou.
— Que ele me mate de uma vez, então.
— Jimin? — Ele chamou-o, em um tom ameno. O olhou, esperando-o prosseguir. — Você tem certeza de que não sentiu nada durante o imprinting, como se fosse desmaiar ou algo do tipo?
— Sim, tenho. Não senti nada, já disse.
Ele franziu o cenho, como se pensasse.
— Isso é estranho…
— O que é estranho?
O Beta umedeceu os lábios, se aproximando mais e o encarando nos olhos.
— Pelo pouco que eu ouvi sobre; geralmente, quando ele acontece, os lupinos perdem a consciência temporariamente por conta do excesso de energia que gastaram durante o processo. — comentou, fazendo-o enrugar a testa e assentir devagar, lembrando-se do fato.
— Sempre é assim?
Ele assentiu.
— Sempre.
• • •
Quando Jeongguk despertou, não estava sozinho; logo pode notar uma presença imponente de pé ao lado do leito onde estava deitado. Seu corpo inteiro doía, mas controlou a vontade de rosnar irritado que lhe apossou de repente é focou-se em piscar os olhos para conseguir enxergar ao menos um pouco e tentou se erguer, mas uma voz o impediu.
— Não levante. O sedativo ainda não foi completamente expelido do seu organismo. — Afirmou, o vendo lhe olhar ainda em confusão mental.
— Sedativo?
— Sim, de alguma forma, o Jin preveu que algo poderia acontecer e pôs o remédio na ponta da fecha, quando ela foi disparada, você foi sedado. — Explicou.
Aos poucos, algumas imagens começaram a ser prostradas em sua mente, lhe fazendo lembrar vagamente e logo perfeitamente bem do acontecido anterior. Por fim, fechou os olhos, sentando-se na cama e passando as mãos no rosto e suspirando arrependido. Droga, havia perdido o maldito controle e justo com o príncipe. O príncipe! Teria sua cabeça rolando em praça pública na próxima noite, certamente.
— Sei no que pensas e, não, não iremos denunciá-lo à corte. — Jungkook o fitou, surpreso pelo acerto de pensamento e pelo fato de não irem entregá-lo; como se soubesse de seu questionamento interior, se pôs a continuar. — Algo deste porte seria de tamanha influência por sobre a imagem de meu amo e isto, sob hipótese alguma, é algo que desejamos; — a espada foi desembainhada e em questão de segundos, a lâmina estava em fronte a seus lábios. Namjoon sorriu maquiavélico — E, portanto, deves manter a boca fechada se ainda deseja desfrutar da vida.
Como reflexo, o castanho abriu mais os olhos e recolheu os lábios para dentro, assentindo rapidamente e vendo-o embainhar sua arma letal. Jeon suspirou, aliviado; abaixando a cabeça a fim de tentar diminuir a tontura do sedativo enquanto olhava para os finos tecidos rosa-coral abaixo de si. No entanto, para contrariar seus pensamentos que acreditavam que o Kim já havia se retirado, o mesmo chamou-lhe a atenção novamente; com uma feição séria e calma.
— Jeongguk. — Ergueu a vista, o encarando. — Isto não é algo que me diga respeito, mas sua alteza não foi capaz de comunicar a ti na noite anterior, creio, e por tal, irei o fazer eu mesmo, já que estou ciente de tamanha urgência ao assunto.
O lúpus franziu levemente seu cenho, apoiando as mãos no lençol enquanto sentia sua boca secar ao notar que o assunto deveria ser realmente algo importante, a visar como o Kim estava nervoso em falar sobre.
— O que é? — incitou-o a continuar.
Ele respirou fundo, abaixando a cabeça e logo erguendo a vista novamente.
— Você é um dolorium, Jungkook.
O garoto piscou lentamente, tentando digerir a informação que lhe fazia sentido algum.
— Eu sou um o quê?
E antes que sua resposta viesse de quem esperava, as portas foram abertas sem aviso prévio e não demorou sequer um segundo antes que a figura baixa, e ainda com um porte invejável, adentrasse o recinto e cruzasse o cômodo com sua pose autoritária, até parar ao lado de seu conselheiro e lançar um olhar frio, embora significativo, ao mais novo.
— Um dolorium, Jeongguk. — Repetiu, deixando-o mais confuso do que já estava — E isso quer dizer que se quiser sair vivo e livre desse castelo, irá fazer tudo o que mandar e isso inclui usufruir o necessário e um pouco mais de seus poderes para quebrar essa maldição.
O moreno oscilou seu olhar indecifrável entre o alfa e o azulado durante alguns segundos, antes de expressar tudo o que entendera em algumas poucas palavras:
— Eu sou um o quê?
• • •
Jeongguk olhava atordoado aos movimentos do platinado pelos corredores da biblioteca, onde estavam. Ele quase corria como, perdão pelas palavras, como um lunático em busca de alucinógenos; o castanho sentia-se meio tonto pelo som opaco das botinas indo de encontro com o carpete de madeira e cada vez ele voltava com as mãos cheias de mais livros empoeirados e empilhava-nos na grande mesa que ali possuía. Se estivesse um pouco menos desnorteado, teria se oferecido para ajudar a carregar os exemplares, mas mal conseguia levantar-se daquela cadeira, quanto mais isso. Sua mente latejava e seus olhos estavam desfocados, tentando abrir a mente para digerir tanta informação.
— Pelo menos, sabe alguma coisa sobre a divisão dos clãs? — o mais novo negou — Francamente, em que mundo tu vives? — ele reclamava constantemente. — Como não conhece a história do seu país? É quase que uma afronta à Coroa!
— Perdoe-me alteza, mas fui criado com humildade e longe das pessoas; meu pai também nunca contava-me as histórias do reino. — Explicou-se, vendo o garoto grunhir baixinho enquanto folheava um dos livros.
No entanto, mais uma vez, ele deu-lhe as costas, segundo com passos apressados até uma outra seção, da qual não tinha ido anteriormente. Curioso, o alfa o seguiu, indo parar na seção infantil daquele lugar enorme e logo o viu esticado para conseguir pegar algo na prateleira superior. Sorriu discretamente ao observar a silhueta na ponta dos pés e com os dedinhos gordinhos tentava tocar no exemplar de capa grossa acima.
Como o esperado, Jungkook aproximou-se e esticou o braço por sobre o do loiro, sentindo-o tencionar e lhe encarar com o canto dos olhos. De repente, o lúpus arrependeu-se minimamente do seu feito, pois o ar pareceu mais quente e escasso a si; como se fosse um complô contra a sua pessoa, as imagens suas tocando aqueles lábios rosados tão convidativos e tão próximos de si, inundaram-lhe a mente, piorando a sua situação.
— Não vamos comentar sobre a noite passada, apenas esqueceremos. — o menor sussurrou, um tanto quanto envergonhado. E isso fez com que retornasse a si rapidamente, piscando os olhos várias vezes antes de pegar o livro e, por fim, deixá-lo nas mãos do ômega.
— Certo. — Pigarreou levemente, afastando-se enquanto o garoto mantinha a vista em qualquer coisa que não fosse ele.
— Porquê um livro infantil? — questionou, apontando para o pergaminho em cores coloridos.
— Bom, porque até as crianças devem saber mais que você. — Alfinetou.
O mais velho girou nos calcanhares, seguindo em direção a sua mesa com o alfa em seu encalço. Ao chegar lá, pousou o objeto sobre os outros e o abriu, passando algumas páginas até chegar na desejada.
— Aqui. — Murmurou, passando a ler enquanto o mais alto permanecia em pé, atento. — “Há tempo o suficiente para que as histórias possam contar, a Lua questionou seu poder por sobre a estrela majoritária do universo; o Sol. Ela sentia-se inútil por ele ser o único a trazer luz ao mundo e ser adorado por aqueles que lá viviam; diferente de si, que sequer brilho possuía.”
Jungkook o observava quieto, sem se importar muito com aquilo, o ombro encostado á uma das pilastras enquanto focava sua vista no ômega que lia calmamente.
— “Então, durante muitas noites, a Lua não apareceu no céu. O Sol, já sentindo-se afetado pela ausência de sua parceira, cuja qual nunca considerou irrelevante, deprimiu-se, causando a completa escuridão sobre a terra.” — foi interrompido.
— Ainda não entendi o propósito de estares recitando a mim tais mitos irrelevantes. — Girou os olhos, desinteressado. Jimin o fitou, sério e foi o suficiente para que cerrasse a boca. Logo, voltou a olhar o pergaminho.
— “Culpada e magoada, a Lua reuniu toda a sua coragem para encontrar-se com o Sol, ela contou-lhe suas frustrações e o Sol e este, compadecido com a sua amada, presenteou-a com o Eclipse Lunar e prometeu doar sua luz a ela todas as noites da eternidade, fazendo-a brilhar mais que toda e qualquer estrela.”
— Continuo sem entender.
Foi a vez do Príncipe revirar os olhos.
— Cala a boca, Jungkook. — O dito surpreendeu-se pelo palavreado que ele utilizou, mas nada disse. — Eu ainda não acabei. — Preparou-se para falar, mas foi interrompido pela terceira pessoa que adentrou o local.
— Como para redimir-se do tempo em que deixou os seres, á quem deviam cuidar, em meio a escuridão; a Lua e o Sol presentearam os humanos com artimanhas que antes não possuíam. — Namjoon continuou, recebendo a atenção dos outros dois. — Eles o denominaram dominadores do Sol e da Lua, dividindo-os em três clãs: Imperius, que seria responsável pelo poder de manipular as ações de outros seres através de suas mãos; eles receberam o dom da calmária e imparcialidade, para que pudessem resolver seus problemas sem temores maiores.
Desta vez, o Jeon ouvia atentamente as palavras do mais velho, parecendo interessado nos contos.
— O segundo clã foi denominado Videre, e possuía o controle da visão e imagem, podendo transmitir ou omitir aquilo que desejassem aos seus alvos através da mente; foram presenteados com a inteligência e perspicácia, tornando-se excelentes estrategistas e auxiliadores daqueles com pouco saber.
Deslizou a língua pelos lábios, dando um breve tempo para que o castanho pudesse absorver suas orações sem mais poréns.
— O terceiro denominou-se Sentire, o clã dos sentidos e sentimentos; Sentirinum’s conseguem projetar em outrem todo e qualquer sentimento que possamos imaginar, com excessão, é claro, dos verdadeiramente puros. Ou seja, todos aqueles que projetam, são falsos e temporários, além de acarretarem diversas consequências dependendo de sua gravidade. Conseguem nublar os sentidos de seus alvoz também, e faz tudo isso usando sua voz. São portadores da teimosia e perseverança, que para alguns podem ser considerados defeitos, mas que em muito coopera para com as suas vidas. — Jungkook assentiu, demonstrando entedimento.
— Foram todos os que ganharam poderes? — Questionou, o vendo nanear com a cabeça.
— De início, sim. No entanto, perceberam o desastre que seria caso continuasse naquele estado e então, tornou-se apenas a raridade que possuíram tais dons. — Explicou. — Com isso, a tranquilidade reinou sobre a terra e os céus. Entretanto…
— Entretanto, as estrelas tornaram-se invejosas da união feita entre a Lua e o Sol, já que esta usufruia livremente do brilho deste, enquanto elas eram ofuscadas por conta de tal ato. — Jimin continuou, fazendo todos o fitarem. — Graças a isso, elas se uniram e despejaram toda as suas energias em um único ser; criando assim, um último clã: Prae Dolore, ou como as pessoas no reino costumam chamar, o clã satânico.
Jeon o fitou, assustado.
— Porquê satânico?
— Porquê dolorium’s, apesar de serem conhecidos pela gentileza, foram presenteados com o dom de manipular a dor, Jungkook. O ódio os fortalesce, e o sangue eleva seu poder. — Namjoon explicou.
— Durante algum tempo, eles viveram em pequenas tribos no litoral, isolados. Mas, obviamente, um deles decidiu sair do limite infringido por seus anciões. Uma moça, jovem e, segundo os relatos, extremamente bela. — Jimin comentou, gesticulando levemente — Dizem que ela seduziu o falecido rei e, de alguma forma, conseguiu tornar-se rainha.
— Foram tempos conturbados aqueles, embora no reino as coisas estivessem melhores, as pessoas estavam preocupadas em ter como membro da realeza uma dolorium. — O esverdeado esclareceu — Ainda assim, ela conseguiu conquistar o povo com a sua falsa gentileza e tudo se aquietou com a chegada do Príncipe-herdeiro, que nasceu como sendo um Canis nigrum.
— Um alfa lúpus. — Jimin explicou.
— Sim, porém… — foi interrompido pelo castanho, que parecia nitidamente focado.
— Porém, a rainha assassinou o falecido rei quando este estava dormindo para tentar tomar o poder. Ela foi declarada culpada, e morreu cremada viva nas dependências do palácio. — Completou.
— Exato. — Namjoon concluiu.
— Mas há algo mais que ainda não sabe. — Mais uma vez, Jungkook virou-se para o ômega, que fitava-lhe intensamente. — Há quase duas décadas atrás, exatos dezesseis anos, no dia da cremação, o espírito conturbado da rainha causou uma comoção no palácio e amaldiçoou todos os herdeiros daquele que enviou-a para a morte.
— Mas isso são apenas lendas, ainda não entendo o que tem haver comigo. — O alfa questionou, confuso.
— Eu também pensava assim. — Park afirmou, com um sorriso melancólico nos lábios. — Até perceber isso.
Antes que pudesse questionar do que ele estava falando, notou Jimin emprensar os lábios rosados um no outro, respirando fundo.
— Não precisa fazer isso, Alteza. — Namjoon afirmou, um pouco preocupado. Mas, o menor lhe deu um sorriso reconfortante.
— Eu estou bem, Nam.
Jungkook estava mais confuso do que quando acordou naquele castelo estranho com um príncipe cheirando seu pescoço, mas tudo isso pareceu se esvair quando seus instintos se aguçaram ao passo que o platinado deixava seu enorme sobretudo azul-escuro passar por entre seus braços, logo indo de encontro ao chão. O alfa sentiu as pontas de seus dedos formigarem a medida que via o ômega se desfazer de algumas correntes de prata que constituiam os seus trajes, e desfazer os dois primeiros botões da gola de sua camisa preta.
Jimin tremia leve, porém visivelmente, e mordiscava os lábios em nervoso.
Alguns instantes depois, os olhos do lupus arregalaram-se quando focalizaram no lado esquerdo do pescoço pálido. Ali havia um pequeno desenho de algo que parecia um símbolo, em preto e azul-marinho; mas não fora somente isso que lhe surpreendeu, haviam marcas ali. Não sabia explicar o que era, pareciam traços, escuros e entrelaçados, e pareciam vir de todos os lados.
Era lindo.
— Isso é… — Balbuciou, sendo interrompido.
— Eu não sei como, mas você é um dolorium, Jungkook. — Ele iniciou, em um tom calmo, ainda que parecesse ocultar seu real desespero. — Eu sou o herdeiro, e você é o único que pode livrar-me disso.
— E vai o fazer. — Namjoon completou, se pondo na frente do platinado e lhe encarando duro — Nem que precise morrer para isso.
Estava ferrado, muito ferrado.
Maldita rainha e a incumbência que ela lhe trás.
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